Será que existe realmente um mapa com as coordenadas exatas para se “chegar lá”? Lá, a que me refiro é o tesouro... o clímax, orgasmo, gozo, ápice do prazer, ou simplificando, os dez segundos mágicos que, todo mortal gostaria, o tempo parasse. Mas existe uma fórmula pronta ou uma receita infalível para chegar ao tesouro? Será possível achar o tesouro? Ó dúvida cruel!
Mas, voltando ao tema central, creio que existe prática para chegar “lá”, sim. Porque teoria sem prática não existe, mas prática com teoria, hum, é quase o caminho inteiro percorrido.
Então vamos lá. Oba!
Para se chegar lá, sozinha ou acompanhada, precisa-se primeiramente conhecer-se muito bem. O que gosta e como gosta. Como assim? Assim mesmo. Vivendo e experimentando. Nesse quesito, me refiro a opção sexual. Porque a opção de cada um tem tudo a ver com tesão. E, tesão a meu ver, é questão de pele, cor, cheiro, aroma, é paradigma, é individual. Cada um tem o seu. Busquemos o que nos atraí. Respeitemos a nossa opção e a dos outros. Nem tudo o que eu gosto é universal e vice versa.
Depois, o melhor de tudo é experimentar, o que gostamos e como gostamos, em nós mesmos. Como assim? Assim mesmo, prazer de auto conhecimento, mais conhecido entre os homens como a famosa punheta, ou justiça com as próprias mãos, cinco contra um, descabelar o palhaço, tocar uma sarapitola, e para as mulheres, bater uma siririca, ou repartir a peruca na linguagem chula, é claro. Mas o importante aqui e agora não é a linguagem, mas sim, a ação. Como querer que alguém adivinhe o que nos causa arrepios, se nós mesmos não o sabemos?
Por falar em querer que alguém saiba...no caso dos homens, esse exercício de auto conhecimento não é problema para eles porque desde que se entendem por gente já “colocam a mão na massa”, através das necessidades básicas. Mas no caso da mulher, é totalmente diferente. A educação feminina é voltada aos princípios de que não se deve colocar a mão no sexo, e se preciso for, apenas na hora do banho para higiene e bem rapidinho. Tão menos quanto se pode permitir a descoberta de sensações que o órgão genital pode provocar, de forma alguma, somos educadas em uma cultura em que é feio, imoral, pecado, causa repúdio. Só podemos sentir quando encontrarmos o tal príncipe encantado. (aí, meu Deus! Já sei de onde vem meu complexo de Cinderela..rs). Menos mal que na nossa cultura ainda “permite-se” nossas mulheres “sentirem” prazer em algum determinado momento (após o casamento, de preferência). Mas em alguns países da África Ocidental e Oriental, as mulheres são mutiladas para que nunca sintam absolutamente nada, nada capazes de lhes levar aos céus e instigar a escolher seus parceiros. Lá não se corre o risco, é tudo extirpado: clitóris, vagina, grandes lábios, apenas um orifício para urina e regras. Olha que absurdo. Mas é a cultura do lugar. As mulheres mutiladas, as que sobrevivem, têm muito orgulho disso. Foram educadas para não sentirem nada. E assim vivem conformadas, felizes eu já não sei.
Percebem a diferença. Por isso, sei que não é fácil pra muitas mulheres chegar lá. Mas não é impossível. Tem que se praticar, tocar, permitir e conhecer a si mesmo.
Por outro lado, não penso que chegar lá seja tudo em uma relação. Pode-se ter muito prazer, ser bom, mas o êxtase não vir. Porque os dez segundos mágicos são uma perfeita sintonia entre o corpo e a mente, e, nem sempre os dois estão afinados, às vezes, independe da companhia, por melhor que ela seja. Mas não é anormal, muito menos extraterrestre. Agora nunca chegar também pode ser bem frustrante para ambas as partes. Então, vamos à luta! Ou melhor, mãos a obra!
Nada melhor do que uma boa justiça com as próprias mãos para iniciar um treino de auto conhecimento. Depois é só compartilhar com o parceiro ou parceira. E se chegar lá for através do clitoridiano, vaginal, múltiplo, ou no ponto G, não interessa, o importante é saber o que é bom pra você pra depois compartilhar com alguém.
Isso não é dica de nenhuma especialista em sexo, nem tão menos sexóloga, mas de alguém que busca o auto conhecimento sempre.